sábado, 12 de abril de 2014


Sequência de estupros amedronta População de Nova Aurora

Quatro casos de estupro com o mesmo perfil já foram registrados; População crê que outros não foram denunciados..

"Era um dia normal, como todos os outros. Estávamos entre os amigos e resolvemos sair dar uma volta. Paramos o carro em uma rua escura, quem nunca? Estávamos parados fazia uns 15 minutos, quando dois caras apareceram armados, entraram no carro, nos levaram para uma estrada num sítio, no meio do nada. Eles falaram coisas horríveis, ameaçavam a todo instante.

É uma sensação de medo impotência, nojo, ódio, revolta. Você esta ali sem pode fazer nada, na mão de duas pessoas estranhas que nunca viu na vida.

É uma sensação horrível, uma situação que você não imagina passar nunca na vida. O abuso sexual além de te humilhar e subjugar, te deixa fraco e solitário.

Você sofre sozinho todas as recordações daquela angústia e não tem palavras que possa aliviar a sensação de sujeira , superexposição e degradação que você sente.

Com a ajuda de amigos e familiares ameniza. Hoje o que eu tenho a fazer é entender que não foi culpa minha, que sou vítima, virar a página recomeçar e o mais importante: pedir para que as autoridades façam algo para que não aconteça com mais ninguém o que aconteceu comigo, que alertem as pessoas,que façam sempre mais e que prendam esses monstros".

Este é o depoimento de uma mulher, vítima de estupro em Nova Aurora, que fui publicado em um grupo criado em uma rede social, que já conta com mais de 2,5 mil participantes, todos preocupados com a insegurança da cidade. Se a lei não chega, o povo sofre com excessos.

Em Nova Aurora, uma cidadezinha de 11,7 mil habitantes, a lei não chega. O motivo não é a falta de trabalho dos Policiais Militares que compõem o efetivo da cidade, mas sim da falta deles.

Nova Aurora tem seis policiais e um comandante. Atualmente um deles está de licença de saúde e o outro de férias. Sobram quantos? Um policial cada grupo de mais de 2 mil habitantes.

No final do ano passado uma onda de assaltos a residências apavorou os moradores. Em poucos dias, três residências foram assaltadas e seus moradores rendidos.

Quando a população achou que não tinha como piorar, outra modalidade de crime tomou conta da cidade. Só em dezembro do ano passado três mulheres foram estupradas em Nova Aurora, na semana passada (no dia 2) mais um caso foi registrado.

Para sentir o clima que pairava na cidade, a equipe de redação selecionou números de telefone de forma aleatória. Através destas conversas, ficou evidente que a população de Nova Aurora vive em clima de pânico.

“As pessoas têm medo de sair à noite está todo mundo apavorado. Nós que vamos à igreja, temos um grupo de oração à noite e vemos que as pessoas não vão mais, justamente por ser à noite. Se você sai a pé, você corre perigo, de carro, colocam uma arma na sua cabeça e te levam para onde querem”, comentou uma das fontes.

Também houve pessoas que entraram em contato com nossa equipe pelo Facebook, para relatar o que a população tem passado.

“Ninguém mais pode andar sem medo, são vários casos de estupro. Ninguém sabe quem será a próxima vítima. Tenho duas filhas, uma de 10 e outra de 15, a gente fica com medo”, disse Sirlei Kottwitz Mezzon.

Para debater o tema, membros da sociedade civil de Nova Aurora co grupo Proteção Feminina, onde a população costuma postar desabafos sobre o caso e problematizar o tema. Seguem trechos de alguns relatos:

“É muito triste viver com medo, viver escondida! Chegar perto de um quebra-mola e ao invés de diminuir a velocidade ter que acelerar muitas vezes por medo de um louco psicopata te abordar!”

“Como vamos trabalhar sem correr riscos? Como vamos estudar? Como vamos nos tranquilizar quando em plena segunda-feira uma covardia dessa acontece?”

“Chegar em casa é um alívio. Todos estamos nos sentindo aprisionados. Não tem ninguém na rua”

Através deste grupo, também foi organizada uma audiência pública, para debater a segurança (ou falta dela) na cidade de nova aurora.

“A gente está pedindo maior segurança. Não podemos ficar à mercê disso”, relatou Giselli Passoni Zenatti, integrante do grupo Proteção Feminina.

A audiência foi realizada na noite de ontem (11) e contou com a presença de membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de igrejas, autoridades políticas e empresários.

Giselli Passoni Zenatti destacou que o grupo compreende que a culpa não é da Polícia Militar, mas sim do Estado, que não fornece ao município de Nova Aurora a estrutura suficiente para garantir a segurança da população.

A ONU (Organização das Nações Unidas) estabelece que o ideal é que para cada 250 habitantes, é necessário um policial. Levando isso em consideração, concluímos que Nova Aurora deveria ter 46, ao invés de seis policiais.

Ligação entre casos é investigada

Os casos são bastante semelhantes entre si. Todos eles ocorreram à noite. Em todos eles, a vítima estava acompanhada do marido ou do namorado.

O parceiro era obrigado a assistir à violência e a vítima era fotografada durante o ato. As fotografias serviam como ameaça para que denúncias não fossem feitas.

Por este motivo a população crê que mais casos ocorreram, mas não foram registrados. De acordo com o comandante de destacamento de Nova Aurora, Edival da Luz Eugênio, embora as circunstâncias sejam praticamente as mesmas, não é possível afirmar com exatidão que os autores são os mesmos.

“Com relação aos casos de dezembro, um dos agressores foi identificado e está preso. Ele primeiramente foi preso por tráfico, mas as vítimas o reconheceram.

De acordo com as vítimas, eram dois agressores, mas até onde temos notícias ele não apontou o segundo autor. Cruzamos as características apontadas pelas vítimas de dezembro e deste caso da semana passada e elas não batem”, informou. Segundo ele, o caso da semana passada teve apenas um agressor, que estava armado. 
Fonte: CGN 


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